Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral 2023

Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇAO ENTRE DESNUTRIÇAO E PERFORMANCE STATUS EM PACIENTES ONCOLOGICOS DE UM HOSPITAL DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

Introdução

Um dos maiores problemas associados ao câncer é a perda de peso associada com depleção de massa muscular, a qual pode levar à desnutrição, condição que impacta negativamente na qualidade de vida dos pacientes e no sucesso do tratamento, sendo a baixa reserva muscular um preditor de morbidade e mortalidade. A redução da capacidade funcional diminui o estímulo muscular, levando a atrofia e limitando ainda mais a função física do paciente, demonstrando relação comprovada entre estado nutricional e qualidade de vida, em que pacientes desnutridos relataram maior pontuação de fadiga, quando comparados com bem nutridos.

Objetivos

Avaliar a associação entre a desnutrição e performance status em pacientes oncológicos de um hospital do interior do RS.

Método

Estudo observacional transversal com pacientes oncológicos de um hospital do interior do Rio Grande do Sul. Foram incluídos indivíduos com câncer, de ambos os sexos, com ≥18 anos, em quimioterapia vigente, com dieta via oral exclusiva. Excluiu-se indivíduos restritos ao leito e com medidas exclusivas de conforto. Os dados foram coletados de outubro de 2022 a maio de 2023. A avaliação da desnutrição ocorreu por 5 ferramentas: Iniciativa de Liderança Global em Desnutrição (GLIM), Avaliação Subjetiva Global produzida pelo próprio paciente (ASG-PPP), Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Panturrilha (CP) e Espessura do Músculo Adutor do Polegar (EMAP). A performance status foi avaliada através da escala Eastern Cooperative Oncologic Group (ECOG). O projeto foi aprovado sob pareceres números 5.570.787 e 5.622.936.

Resultados

Foram avaliados 207 indivíduos, 51,2% mulheres, 58,9% idosos, com uma média de 60,61 (DP±13,55) anos, 72,5% haviam realizado < 6 ciclos de quimioterapia, a maior parte com câncer hematológico (23,2%), de intestino (22,7%) e de mama e sistema geniturinário feminino (16,9%). A desnutrição foi diagnosticada em 25,6% (IMC), 47,8% (EMAP), 44,0% (CP), 65,7% (GLIM) e 73,0% (ASG-PPP). Em relação ao ECOG, na maioria das ferramentas, exceto pelo IMC, observou-se um aumento gradativo e linear, mostrando que quanto pior a performance status, maior a prevalência de desnutrição. Indivíduos totalmente ativos (ECOG 0) versus indivíduos impossibilitados de autocuidado (ECOG 4), apresentaram respectivamente, prevalência de desnutrição de 7,5% versus 36,0% (IMC), 22,6% versus 80,0% pelo EMAP, 17,0% versus 64,0% (CP), 34,0% versus 92,0% (GLIM) e 37,7% versus 96,0% (ASG-PPP), todos resultados significativamente associados (p<0,001).

Conclusão

Pode-se concluir que a prevalência de desnutrição foi elevada por todas ferramentas utilizadas e aumentou conforme a performance status piorou. Ainda assim, reforçamos a importância de uma avaliação nutricional detalhada e precoce, bem como mais estudos na área.

Palavras Chave

CÂNCER; QUIMIOTERAPIA; DESNUTRIÇÃO; AVALIAÇÃO FUNCIONAL.

Área

Nutrição em pacientes com câncer

Instituições

FSG - Centro Universitário - Rio Grande do Sul - Brasil, Hospital Pompeia - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ANDREI DIAS COSTA, JOANA ZANOTTI, ISABELA DILL VOLKWEIS, CAROLINA PAGNONCELLI GABRIELLI