Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral 2023

Dados do Trabalho


Título

A RESTRIÇAO COGNITIVA E PRATICA DE EXERCICIOS FISICOS FORAM FATORES POSITIVOS PARA MELHORES PRATICAS ALIMENTARES DE ADULTOS VIVENDO NO BRASIL DURANTE O FINAL DA SEGUNDA ONDA DA PANDEMIA DA COVID-19

Introdução

A pandemia da COVID-19, especialmente pelo isolamento social (IS), impactou diretamente as práticas alimentares de pessoas vivendo no Brasil e no Mundo. O estresse gerado pelo IS, que afeta aspectos emocionais vinculados à alimentação e o sono, proporcionou maior ingestão de alimentos processados e menor consumo de alimentos in natura e minimamente processados com base nos estudos que avaliaram esses aspectos durante a pandemia. Contudo, a manutenção destes efeitos foi pouco investigada no término da segunda onda, momento em que a vacinação no Brasil estava avançada.

Objetivos

Verificar os fatores associados às práticas alimentares durante os últimos meses da segunda onda da COVID-19 no Brasil.

Método

Trata-se de um estudo transversal exploratório conduzido com uma amostra não probabilística de homens em mulheres adultas vivendo no Brasil. Por meio de um inquérito online, pessoas foram contactadas para responder perguntas relacionadas às práticas alimentares e aos potenciais fatores associados entre os meses de Agosto e Dezembro de 2021. As práticas alimentares foram avaliadas pelo questionário de adesão às práticas alimentares propostas pelo Guia Alimentar da População Brasileira. As variáveis independentes investigadas foram: comportamento alimentar pelo Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-21), sono pelo questionário de qualidade do sono de Pittsburg (≤ 5 sono bom e > 5 sono ruim), e prática de exercício físicos (sim ou não). Um modelo de regressão logística multinominal foi desenvolvido considerando as práticas alimentares como variável dependente, < 32 pontos (piores práticas alimentares; PPA); ≥ 32 < 41 (práticas alimentares moderadas; PAM) e > 41 (melhores práticas alimentares; MPA). O grupo PPA foi considerado como referência para as comparações. O modelo foi controlado para idade, sexo, IMC, escolaridade e nível socioeconômico.

Resultados

A amostra foi composta por 820 pessoas (34±11,3 anos; 25,2±4,83 kg/m2), sendo 629 (76,7% mulheres) e 191 (23,3%) homens. O modelo multinominal revelou que alimentação emocional reduziu em 1,7% a chance de pertencer ao grupo PAM (OR: 0,983; 95% IC: 0,972 – 0,994; p= 0.002) e 2,5% a chance de pertencer ao grupo MPA. A restrição cognitiva aumentou em 2,4% a chance de pertencer ao grupo PAM (OR: 0,1,024; 95% IC: 1,01 – 1,037; p< 0,001) e 3,2% a chance de pertencer ao grupo MPA (OR: 1,032; 95% IC: 1,01 – 1,045; p< 0,001). Ainda, praticar exercício físico aumentou em 97,8% a chance de pertencer ao grupo PAM (OR: 1,978; 95% IC: 1,19 – 3,27; p= 0,008) e em 338% a chance de pertencer ao grupo MPA (OR: 4,38; 95% IC: 2,60 – 7,36; p< 0,001). Por fim, pior qualidade do sono não foi associada às práticas alimentares.

Conclusão

A alimentação emocional reduziu a chance de pertencer aos grupos com melhores práticas alimentares, em contra partida, a restrição cognitiva e a prática de exercícios físicos aumentaram a chance de pertencer aos grupos com melhores práticas alimentares.

Palavras Chave

COVID-19

Área

Nutrição em doenças crônicas

Instituições

Centro Universitário São Camilo - São Paulo - Brasil, UNESP - São Paulo - Brasil, UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

ANA CAROLINA OUMATU MAGALHÃES, CAMILA GUAZZELLI MARQUES, MARCUS VINICIUS LUCIO DOS SANTOS QUARESMA, RONALDO VAGNER THOMATIELI DOS SANTOS