Dados do Trabalho
Título
O IMPACTO DA MUSCULARIDADE NO PROGNOSTICO DE PACIENTES COM CANCER DE CABEÇA E PESCOÇO COM DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA TRATADOS COM RADIOTERAPIA
Introdução
A desnutrição é altamente prevalente em pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP). A localização, o estágio do tumor, o tratamento e os seus efeitos adversos, estão associados à desnutrição. Sabe-se que alterações na composição corporal pode afetar o prognóstico de pacientes com câncer de maneira independente do estado nutricional. A baixa muscularidade (BM) está relacionada com a diminuição da sobrevida em pacientes com CCP. Entretanto, seu efeito em brasileiros ainda é pouco conhecido
Objetivos
Analisar o impacto da muscularidade na sobrevida de pacientes CCP com doença localmente avançada (CCPLA), tratados com radioterapia, atendidos no ambulatório de Oncologia do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Método
Estudo retrospectivo e analítico. Os dados foram coletados a partir de prontuários médicos de pacientes com CCP diagnosticados entre 2010 e 2018. A muscularidade foi avaliada a partir da imagem da tomografia computadorizada realizada até 3 meses antes do início do tratamento. A área muscular da seção transversa do músculo (CSA) foi determinada pela análise dos músculos paravertebral e esternocleidomastoideo ao nível da terceira vértebra cervical (C3) através do software SliceOMatic V. 5.0 Software (Tomovision, Canadá). A CSA em C3 foi utilizado para estimar a CSA em L3, utilizando fórmula específica, e posteriormente ajustado pela estatura (m²), dando origem ao Índice de Músculo Esquelético (IME). O Modelo de Risco proporcional de Cox foi utilizado para análise da sobrevida, e foi ajustado para idade, ECOG, diabetes, hipertensão, quimioterapia concomitante e estágio tumoral. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição (CAAE: 42743120.5.0000.5404)
Resultados
Foram incluídos 132 pacientes, sendo que 107 foram categorizados como muscularidade normal (MN) e 25 com Baixa Muscularidade (BM). O grupo BM teve maior proporção de indivíduos com índice de massa corporal (IMC) menor que 18,5 [ BM (76%), MN (10,3%), p<0,001] e maior proporção de indivíduos com pior status performance [ECOG 2-3, BM (20%), MN (5,6%), p=0,034]. Na análise multivariada, a BM foi associada à menor sobrevida global [HR=1,77, IC95% (1,01 - 3,07), p=0,044)]. A sobrevida livre de progressão não foi estatisticamente significativa. Assim como não houve diferença estatística para valores de NLR entre os grupos (p=0,2)
Discussão
o presente estudo endossa a literatura mostrando que a BM é fator de risco independente para a sobrevida global de pacientes com CCPLA
Conclusão
A depleção muscular está associada a uma redução significativa na sobrevida global de pacientes brasileiros com CCP localmente avançado tratados com radioterapia. Esses dados sugerem que a terapia nutricional e exercícios físicos podem desempenhar um papel crucial na melhoria da sobrevida desses indivíduos.
Palavras Chave
SARCOPENIA; COMPOSIÇÃO CORPORAL; AVALIAÇÃO NUTRICIONAL; TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA; MASSA MUSCULAR
Área
Nutrição em pacientes com câncer
Instituições
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
RAFAELLA CAROLINE LELLIS MOREIRA, LARISSA ARIEL OLIVEIRA CARRILHO, LIVIA DIAS GUERRA, FERNANDA SILVA SANTOS, FABIANA LASCALA JULIANI, SANDRA REGINA BRAMBILLA, MARIA CAROLINA SANTOS MENDES, JOSE BARRETO CAMPELLO CARVALHEIRA