Dados do Trabalho

Título

ABORDAGEM NUTRICIONAL DE PACIENTE COM TCE GRAVE ATENDIDO POR EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM UMA CLINICA ESPECIALIZADA EM REABILITAÇAO NEUROLOGICA: RELATO DE CASO

Introdução

O traumatismo cranioencefálico (TCE) representa uma carga significativa para a saúde global, aumentando o risco de doenças crônicas, sobrepeso e obesidade durante a recuperação. Nesse contexto, o acompanhamento nutricional é essencial como parte dos cuidados multiprofissionais.

Objetivos

Relatar a abordagem nutricional de um paciente após TCE grave em atendimento com equipe multiprofissional.

Método

Este relato de caso descreve a abordagem nutricional de um paciente do sexo masculino, 28 anos, em fase de recuperação de TCE grave após acidente automobilístico há 3 anos e com válvula de derivação ventrículo-peritoneal (DVP), atendido por uma equipe multiprofissional em uma clínica especializada em reabilitação neurológica em Criciúma/SC. Os dados foram coletados do prontuário do paciente, entrevista com familiares e avaliação nutricional realizadas de Julho de 2022 a Abril de 2023.

Resultados

No primeiro atendimento nutricional, paciente com alimentação por via oral, consistência livre e com padrão alimentar desordenado, baixa ingestão hídrica (<1 litro por dia) e presença de constipação, com fezes tipo 5 a 6 na escala de Bristol devido uso de laxativos. Presença de sobrepeso segundo o IMC (Peso: 95 kg; Altura 1,80 m). O objetivo do acompanhamento nutricional foi a redução de peso e melhora da qualidade da dieta para auxiliar na reabilitação, qualidade de vida e função intestinal. Foi desenvolvido um plano alimentar individualizado, hipocalórico (1700 kcal - 18 kcal/kg/dia) e hiperproteico (114 g de proteína - 1,2 g/kg/dia), rico em fibras, micronutrientes e com propriedades laxativas. O acompanhamento nutricional e discussões de caso com equipe multiprofissional ocorreram mensalmente, de forma a garantir a integralidade do cuidado. Durante o acompanhamento, o paciente enfrentou oscilações clínicas decorrentes de ajustes medicamentosos e da válvula de DVP, interferindo na reabilitação e abordagem nutricional. No entanto, observou-se perda de peso (peso final: 91 kg), melhora na qualidade da dieta, aumento da hidratação e normalização da função intestinal (evacuações diárias, tipo 3 a 4 na escala de Bristol).

Discussão

Pacientes com TCE possuem maior risco para desenvolvimento de doenças crônicas e excesso de peso, associado a condições secundárias ao trauma e também devido a mecanismos que levam a hiperfagia e redução da saciedade, levando a alterações de peso e comportamento alimentar. Por isso, o nutricionista, como membro de uma equipe de reabilitação pode auxiliar na melhora da composição corporal, redução ou manutenção do peso e melhora da constipação, presente frequentemente nestes indivíduos, contribuindo assim para a qualidade de vida destes pacientes.

Conclusão

A inclusão do nutricionista em uma equipe multiprofissional pode otimizar os resultados e melhorar a qualidade de vida de pacientes pós TCE grave em recuperação.

Palavras Chave

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO; REABILITAÇÃO; FASE DE RECUPERAÇÃO; ÍNDICE DE MASSA CORPORAL; CONSTIPAÇÃO