Dados do Trabalho
Título
SINDROME DE REALIMENTAÇAO EM PACIENTES EM ESTADO CRITICO, INTERNADOS EM UM CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA: RELATO DE 4 CASOS
Introdução
A Síndrome de Realimentação (SR) é definida como um conjunto de alterações metabólicas e eletrolíticas decorrentes da reintrodução ou do elevado aporte calórico, após um período de jejum ou de baixa ingestão alimentar. Segundo a Associação Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN), os pacientes em estado crítico, muitas vezes, são submetidos a períodos prolongados de jejum ou de baixo aporte nutricional, sendo considerada uma população em risco de SR.
Objetivos
Demonstrar a ocorrência de SR em pacientes críticos, internados via Sistema Único de Saúde, em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um Hospital Universitário de nível terciário.
Método
Foram selecionados pacientes com diagnóstico de SR, a partir de valores de fósforo sérico, em base de dados da equipe de Nutrição da instituição. Dados clínicos, laboratoriais, antropométricos e de terapia nutricional foram coletados a partir de registros em prontuário eletrônico.
Resultados
Caso 1: ZGA, 67 anos, internada devido choque séptico de foco pulmonar, histórico de pancreatite aguda, IMC = 20,2 kg/m² e perda ponderal de 28% em um ano. Anterior à admissão em CTI, foi submetida a dois dias de jejum e a dieta via oral (VO) em consistência líquida, por cinco dias, com baixa aceitação. Na admissão no CTI, recebeu dieta VO, associada à terapia nutricional enteral (TNE) com 18,2 kcal/kg/dia. Após 24h da administração de TNE, apresentou redução de 54% do fósforo sérico e 37% do magnésio. Caso 2: PCS, 51 anos, diagnóstico de choque séptico de foco pulmonar e carcinoma de cavidade oral, IMC = 19,4 kg/m² e perda de 23% do peso em três meses. Apresentou redução de 34% do fósforo sérico e 10% do potássio, após aumento do aporte energético de 12,2 para 25 kcal/kg/dia. Caso 3: LFP, 39 anos, internado devido choque hemorrágico e séptico, consequentes ao tratamento de esclerose múltipla. Relato de aporte nutricional nulo por 15 dias anteriormente à internação hospitalar, IMC = 24,5 kg/m². Submetido a dois dias de jejum. Apresentou queda de 51% do fósforo sérico e 11% do potássio após início de TNE com 7 kcal/kg/dia. Caso 4: FJA, diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, admitido no CTI devido quadro de pneumonia necrotizante e insuficiência respiratória aguda. IMC = 17 kg/m² e histórico de perda ponderal de 11% em um mês, baixo aporte nutricional por cinco dias, antes da admissão em CTI. A TNE foi iniciada com 27,7 kcal/kg/dia, com consequente redução de 29% do fósforo sérico e 5% do potássio.
Conclusão
Os casos apresentados evidenciam a importância da identificação precoce de pacientes em risco de síndrome de realimentação, visto que a ocorrência de tal síndrome pode contribuir para maior incidência de intercorrências clínicas. O conhecimento acerca da identificação, manejo e tratamento mostra-se fundamental para equipes multidisciplinares, no contexto da Terapia Intensiva.
Palavras Chave
TERAPIA INTENSIVA, SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO, HIPOFOSFATEMIA, TERAPIA NUTRICIONAL.
Área
Nutrição em UTI
Instituições
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
ANA CAROLINA PALERMO DOS SANTOS, CAROLINA HUNGER MALEK-ZADEH, MARIA AUXILIADORA-MARTINS, ANIBAL BASILE-FILHO