Dados do Trabalho
Título
TEMPO DE JEJUM PERIOPERATORIO EM CIRURGIAS DO TRATO GASTROINTESTINAL E DE PAREDE ABDOMINAL EM UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE DO RIO GRANDE DO SUL
Introdução
O jejum perioperatório é uma prática adotada com o propósito de garantir o esvaziamento gástrico e evitar broncoaspiração durante procedimentos cirúrgicos. Este período, quando prolongado, leva a alterações metabólicas que contribuem para a ocorrência de estresse fisiológico e aumento de complicações e infecções pós-cirúrgicas, bem como da taxa de mortalidade. No Brasil, a implantação do projeto Aceleração da Recuperação Total Pós- Operatória (ACERTO), visando acelerar a recuperação pós-operatória de pacientes submetidos a cirurgias abdominais, demonstrou bons resultados com a abreviação do jejum. Contudo, na prática clínica, poucos serviços o adotam, submetendo seus clientes a períodos de jejum absolutos e extremamente prolongados.
Objetivos
Analisar o tempo de jejum perioperatório em cirurgias do trato gastrointestinal e de parede abdominal em um hospital de alta complexidade do Rio Grande do Sul (RS).
Método
Estudo prospectivo observacional, com adultos e idosos, de ambos os gêneros, no Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, RS, no período de julho a outubro de 2022. Foram excluídas gestantes/lactantes, pacientes com dados incompletos em prontuário, os que não fossem capazes de autorrelatar o tempo que permaneceram em jejum pré-operatório e os pacientes que não estavam conscientes, com dor intensa ou dificuldade de comunicação. Através de prontuário eletrônico e abordagem direta ao paciente foram obtidas informações demográficas, clínicas e nutricionais.
Resultados
Foram avaliados 26 pacientes, com média de idade de 60,38 (±12,7) anos, sendo a maioria do gênero masculino (61,5%). Destes, 65,4% estavam hospitalizados pelo Sistema Único de Saúde, 15,4% foram submetidos a cirurgias de médio porte (colecistectomia, esplenectomia, pancreatectomia ou hepatectomia) e 84,6% a cirurgias de grande porte (retossigmoidectomia, hemicolectomia, derivação biliodigestiva ou gastrectomia total/parcial). Verificou-se que a média de horas de jejum pré-cirúrgico foi de 10,46 horas (± 03:14) e de jejum pós-cirúrgico foi de 26,69 horas (± 25,42), sendo que apenas um paciente (3,9%) fez preparo nutricional no pré-operatório (abreviação do jejum). Com relação à realimentação, apenas 50% iniciaram dieta nas primeiras 24 horas pós-operatórias. A presença de complicações pós-cirúrgicas ocorreu em 34,6%, sendo: abcesso abdominal (11,1%), deiscência de anastomose (11,1%), internação em UTI (33,3%) e sintomas digestivos (77,8%). Com relação aos desfechos clínicos, 96,1% obtiveram alta hospitalar e a taxa de mortalidade foi de 3,9%.
Conclusão
Os pacientes foram submetidos a um tempo médio de jejum superior às recomendações dos protocolos nacionais e internacionais de nutrição cirúrgica. Portanto, são necessárias estratégias multidisciplinares que visem à redução do risco nutricional pré-cirúrgico e a implantação de protocolos para reduzir o jejum pré e pós-cirúrgico.
Palavras Chave
ESTADO NUTRICIONAL; JEJUM PRÉ OPERATÓRIO; COMPLICAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS.
Área
Nutrição no perioperatório
Autores
TATIANA PACHECO RODRIGUES, VANUZA COSTELLA, ANA PAULA HECK GONZÁLEZ, MARIA CRISTINA ZANCHIM, LAURA FREITAS DALMAGRO