Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral 2023

Dados do Trabalho


Título

ÁCIDOS GRAXOS PLASMÁTICOS E SUA RELAÇÃO COM A FIBROSE HEPÁTICA EM PESSOAS COM HIV: UM ESTUDO CASO-CONTROLE

Introdução

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma das causas mais frequentes de doença hepática crônica. Esta pode evoluir para fibrose hepática, especialmente pela presença de esteato-hepatite não alcoólica. A relação entre a composição de ácidos graxos (AG) plasmáticos e a fibrose hepática em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) é de grande relevância nesta população, pois apresenta maior prevalência em comparação a população geral.

Objetivos

Avaliar a associação de ácidos graxos plasmáticos e fibrose hepática em indivíduos monoinfectados pelo HIV

Método

Trata-se de um estudo caso-controle que incluiu PVHA com fibrose hepática (casos) e indivíduos sem fibrose (controles). Participantes com hepatite viral, consumo abusivo de álcool e uso de suplementos lipídicos foram excluídos. A fibrose hepática foi definida por elastografia transitória (TE) pela medida da rigidez hepática (LSM) ≥ 7,1 kPa ou ≥ 6,2 kPa com sonda M ou XL, respectivamente. Todos os participantes monoinfectados pelo HIV com fibrose hepática identificados na consulta inicial do PROSPEC-HIV foram incluídos. Pacientes classificados como controles, na proporção (1:1) foram selecionados aleatoriamente entre os participantes mono-infectados pelo HIV sem fibrose hepática. Foram avaliados: perfil de ácidos graxos plasmáticos, medidas antropométricas e amostras de sangue. Os ácidos graxos plasmáticos foram analisados por cromatografia gasosa. Análise de regressão logística multivariada ajustados por idade, sexo ao nascer e duração da terapia antirretroviral (TARV) foi realizada para estudar a associação entre exposição e desfecho

Resultados

Um total de 142 participantes foi incluido (71 casos e 71 controles), [62% do sexo feminino, idade mediana=46 (IQR, 37-53) anos, 14,8% com diabetes, contagem mediana de CD4=655 células/mm3 e 96,5% estavam em uso de TARV ]. Maiores percentuais de ácido palmítico plasmático (16:0) e ácidos graxos saturados foram observados em participantes com fibrose hepática (casos) em comparação com aqueles sem fibrose hepática (controles). A presença de maior porcentual de ácido palmítico plasmático (16:0) foi associada a uma chance aumentada de fibrose hepática [aOR=1,23 (IC 95% 1,04-1,46); p=0,02] em modelos multivariados

Discussão

Aumento nos níveis circulantes de ácidos graxos saturados está relacionado a maior lipotoxicidade hepática e indução de citocinas pró inflamatórias. Nosso estudo demonstrou que o ácido graxo saturado palmítico (C:16), que é o principal ácido graxo produzido intrinsicamente, está associado a fibrose hepática de forma independente. Estes resultados estão alinhados com estudos em população HIV e população em geral.

Conclusão

Este estudo demonstrou o potencial papel dos ácidos graxos plasmáticos, especialmente o palmítico, na patogênese da fibrose hepática em PVHA.

Palavras Chave

COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS; FIBROSE HEPÁTICA; DHGNA; INFECÇÃO PELO HIV

Área

Nutrição em doenças crônicas

Autores

CRISTIANE FONSECA ALMEIDA, WILZA ARANTES PERES, PAULA SIMPLICIO SILVA, CLAUDIA SANTOS CARDOSO, KARLA DIAS FRAGA, PATRICIA DIAS BRITO, HUGO PERAZZO