Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral 2023

Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇAO ENTRE DESNUTRIÇAO E O USO DE SUPLEMENTAÇAO ORAL EM PACIENTES ONCOLOGICOS DE UM HOSPITAL DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

Introdução

Um dos maiores problemas associados ao câncer é a perda de peso juntamente com depleção de massa muscular, a qual pode levar à desnutrição, condição que impacta negativamente na qualidade de vida dos pacientes e no sucesso do tratamento, sendo a baixa reserva muscular um preditor de morbidade e mortalidade, estimando-se que 10 a 20% dos óbitos são devido a suas consequências e não da neoplasia em si. A inapetência é um dos sintomas mais comuns do tratamento quimioterápico, seguida por náuseas, vômitos, mucosite e, consequentemente, baixo consumo alimentar, perda de peso involuntária e necessidade de intervenção nutricional. A terapia nutricional oral (TNO) é a primeira opção, indicada para pacientes com consumo via oral inferior a 70% das suas necessidades nutricionais diárias em 1-2 semanas e sem expectativa de melhora.

Objetivos

Avaliar a associação entre a desnutrição e o uso de suplementação oral em pacientes oncológicos de um hospital do interior do RS.

Método

Estudo observacional transversal com pacientes oncológicos de um hospital do interior do Rio Grande do Sul. Foram incluídos indivíduos com câncer, de ambos os sexos, com ≥18 anos, em quimioterapia vigente, com dieta via oral exclusiva. Excluiu-se indivíduos restritos ao leito e com medidas exclusivas de conforto. Os dados foram coletados de outubro de 2022 a maio de 2023. A avaliação da desnutrição ocorreu por 5 ferramentas: Iniciativa de Liderança Global em Desnutrição (GLIM), Avaliação Subjetiva Global produzida pelo próprio paciente (ASG-PPP), Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Panturrilha (CP) e Espessura do Músculo Adutor do Polegar (EMAP). O uso atual de TNO foi avaliado pelas perguntas “não” e “sim”. O projeto foi aprovado sob pareceres números 5.570.787 e 5.622.936.

Resultados

Foram avaliados 207 indivíduos, 51,2% mulheres, 58,9% idosos, com uma média de 60,61 (DP±13,55) anos, 72,5% haviam realizado < 6 ciclos de quimioterapia, a maioria com câncer hematológico (23,2%), de intestino (22,7%) e de mama e sistema geniturinário feminino (16,9%). A desnutrição foi diagnosticada em 25,6% (IMC), 47,8% (EMAP), 44,0% (CP), 65,7% (GLIM) e 73,0% (ASG-PPP). Em relação ao uso de TNO, observou-se um aumento gradativo e linear da desnutrição entre “não” e quem “sim” fazia consumo, mostrando maiores prevalências nos indivíduos em uso atual. “Não” versus “sim”, apresentaram respectivamente, prevalência de desnutrição de 25,0% versus 39,2% (IMC), 45,5% versus 64,6% pelo EMAP, 45,5% versus 62,0% (CP), 65,9% versus 84,8% (GLIM) e 72,7% versus 93,7% (ASG-PPP), todos resultados significativamente associados (p<0,001).

Conclusão

Pode-se concluir que a prevalência de desnutrição foi elevada por todas ferramentas utilizadas e foi maior nos indivíduos em suplementação oral. Salientamos a importância da avaliação da ingestão alimentar detalhada, bem como mais estudos na área.

Palavras Chave

CÂNCER; QUIMIOTERAPIA; DESNUTRIÇÃO; SUPLEMENTAÇÃO ORAL.

Área

Nutrição em pacientes com câncer

Instituições

FSG - Centro Universitário - Rio Grande do Sul - Brasil, Hospital Pompeia - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ANDREI DIAS COSTA, ISABELA DILL VOLKWEIS, CAROLINA PAGNONCELLI GABRIELLI, JOANA ZANOTTI