Dados do Trabalho
Título
IMPACTO DO USO DE OPIOIDES NA INCIDENCIA DE CONSTIPAÇAO E DESFECHO CLINICO DE PACIENTES CRITICOS DE UM HOSPITAL DE REFERENCIA NORTE E NORDESTE
Introdução
A constipação intestinal embora sem definição precisa no ambiente de terapia intensiva é uma condição presente e muitas vezes subnotificada. Estudos mostram que sua incidência é fortemente favorecida por fatores como distúrbios sistêmicos, alterações no padrão dietético, uso de sedativos opioides, dentre outros. A frequência dessa e outras intercorrências gastrointestinais pode impactar na inadequação calórico proteica, aumento do tempo de internação e desfechos clínicos negativos.
Objetivos
Avaliar a incidência de constipação intestinal em pacientes de unidade de terapia intensiva em uso de nutrição enteral e sua relação com uso de agentes opioides e desfecho clínico
Método
Estudo retrospectivo observacional do tipo coorte com pacientes em terapia nutricional enteral, com idade superior ou igual a 18 anos de ambos os sexos, admitidos em unidades de terapia intensiva de um hospital de referência durante o mês de fevereiro de 2022. Foi considerada inadequação calórico proteica os pacientes que não atingiram 80% do valor energético total em até 72 horas de internação, bem como quantificados os motivos de inadequação, presença de constipação, uso de ventilação mecânica, sedação e agentes opioides e desfecho clínico para alta ou óbito. Os dados foram tabulados no software Microsoft Office Excel e as análises estatísticas foram realizadas no software SPSS – Statistical Package for Social Sciences, versão 21.0 (IBM, Armonk, NY). Para as variáveis quantitativas foram utilizadas médias e medianas, e desvios-padrão, mínimo e máximo para indicar a variabilidade dos dados. O nível de significância assumido foi de 5%.
Resultados
Participaram do estudo 100 pacientes, 54,1% em ventilação mecânica e 54,3% em uso de sedativos e agentes opioides. A média ofertada de caloria foi de 25,6 ± 4,9 Kcal/Kg/dia (71,57% de adequação) e proteína de 1,7 ± 0,3 gPtn/Kg/dia (68,83% de adequação). O principal motivo de inadequação foi instabilidade hemodinâmica (43,09%), seguido de progressão lenta (Pós alteração gastrointestinal e/ou risco de síndrome de realimentação) (33,15%), êmese/regurgitação (12,70%), resíduo gástrico elevado (>500ml) (6,64%) e distensão abdominal (4,42%). Quanto ao registro de evacuações, 45,9% dos pacientes apresentaram constipação. Quanto ao desfecho, 42,9% evoluíram para óbito. Não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre nenhuma das variáveis utilizadas.
Conclusão
A constipação intestinal se mostrou presente em grande percentual nos pacientes analisados, bem como o uso de opioides e desfecho clínico negativo. Embora não detectada correlação entre os dados avaliados, estudos mostram que a presença de constipação pode estar relacionada ao pior prognóstico de pacientes graves, e que substâncias opioides inerentes ao tratamento podem favorecer essa condição intestinal.
Palavras Chave
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA; NUTRIÇÃO ENTERAL; CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Área
Nutrição em UTI
Autores
DENISE BRENDA SILVA FERNANDES, SILENE ALVES PEREIRA, SAMARA CLESSYA LUCENA AZEVEDO, GERLANE QUERCIA FREITAS FRANÇA, JULIA SILVA ALBUQUERQUE, TIAGO EMANUEL VIEIRA SILVA , FABIANA ARRUDA LUCCHESI, GILVANETE TAIS LINO SILVA