Dados do Trabalho

Título

PERFIL NUTRICIONAL E USO DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TUMORES DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL: DO DIAGNOSTICO AO 6º MES DE TRATAMENTO

Introdução

O câncer infanto-juvenil representa a principal causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes no Brasil, sendo os tumores de Sistema Nervoso Central (SNC) o tipo de tumor sólido mais comum nessa faixa etária e com maior taxa de mortalidade. A doença e o tratamento possuem efeitos agressivos, com alto risco de comprometimento nutricional e de desnutrição. Torna-se importante o desenvolvimento de estudos que avaliem a taxa de desnutrição nessa população e a utilização de suporte nutricional.

Objetivos

Descrever o perfil nutricional de crianças e adolescentes com tumores do sistema nervoso central e a indicação de terapia nutricional enteral, entre os períodos do diagnóstico ao 6º mês de tratamento.

Método

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo para acompanhamento entre 2021 e junho de 2023. Os pacientes foram avaliados no diagnóstico (T0) e no 6º mês de tratamento (T1) com aferição de peso e estatura, para a classificação do estado nutricional de acordo com as curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde. Foram utilizados o índice de peso por estatura (P/E) para classificação das crianças até 5 anos e o índice de massa corporal para idade (IMC/I) para crianças maiores de 5 anos e adolescentes. Pacientes com z-score ≤ -2,00 foram considerados desnutridos. Avaliou-se também os motivos de indicação de suporte nutricional nessa amostra. Para a análise de diferenças entre os grupos e possíveis associações entre as variáveis antropométricas ao longo do tempo, os testes de Qui-Quadrado e Wilcoxon foram realizados, respectivamente.

Resultados

A amostra foi de 41 participantes, sendo 53,7% do sexo masculino e 46,3% do sexo feminino. Ao diagnóstico, apenas 4 crianças estavam desnutridas, entretanto ao 6º mês de tratamento a prevalência de desnutrição foi de 9 pacientes (p=0,154), um aumento de 125%. 32 participantes (78%) utilizaram terapia nutricional enteral, sendo 53% desses por disfagia e 47% por piora do estado nutricional. A mediana do z-score dos pacientes que cursaram com disfagia foi de 1,04 no T0 e 0,94 no T1 (p=0,356), enquanto que, para os pacientes que utilizaram suporte enteral por piora do estado nutricional, a mediana do z-score variou de -0,41 no T0 para -2,17 no T1 (p<0,05). Ao todo, 58,5% dos participantes apresentaram algum grau de piora do estado nutricional ao longo do período.

Conclusão

Embora o aumento da taxa de crianças desnutridas ao longo do tempo não seja estatisticamente significativo na amostra total, mais da metade apresentou algum grau de depleção nutricional, evidenciando o impacto da terapia antineoplásica no estado nutricional. A necessidade de um acompanhamento criterioso da evolução nutricional se mostra importante desde o diagnóstico dada a proporção de participantes com uso de terapia nutricional enteral por piora do estado nutricional.

Palavras Chave

TUMORES DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL; CRIANÇAS E ADOLESCENTES; ESTADO NUTRICIONAL; TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL.