Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral 2023

Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS NO MANEJO NUTRICIONAL DE UM PACIENTE COM ENCEFALOPATIA CRONICA NAO EVOLUTIVA (ECNE) DE UM HOSPITAL DO MEDIO VALE DO ITAJAI (SC): RELATO DE CASO

Introdução

A encefalopatia crônica não evolutiva (ECNE) é caracterizada por lesão cerebral grave que compromete o desenvolvimento motor, postural, cognitivo, sensorial, verbal e comportamental, além de comorbidades como desnutrição, deficiências nutricionais, constipação intestinal e refluxo gastroesofágico.

Objetivos

Descrever os desafios do manejo nutricional de um paciente com ECNE de um hospital do Médio Vale do Itajaí em Santa Catarina.

Método

Trata-se de um relato de caso de caráter descritivo, realizado no período de 15/06/2023 à 21/06/2023.

Resultados

Paciente E. R. B., 22 anos, 26 quilos, 1,10 metros com ECNE com tetraparesia espástica e escoliose de dupla convexidade desde o nascimento, reside com os pais e possui bom histórico de cuidado. O paciente deu entrada no pronto socorro (PS) no dia 15/06/2023 às 18h12min por broncoaspiração: mãe relata que há 07 dias o paciente iniciou vômito e melena em grande quantidade e suspeitou de broncoaspiração devido a tosse secretiva e febre após o ocorrido. Mãe aponta também que o paciente apresenta lesão em sacra devido a necessidade de ficar sentado por mais tempo devido a êmese. Paciente em suporte nutricional enteral (SNE) há 4 anos com dieta sintética polimérica de proteína de soja, disponibilizada pela policlínica da cidade. Ainda no PS, o paciente necessitou de oxigênio suplementar, transfusão sanguínea (hemoglobina 4,4  12,7g/dL e hematócrito 15,8  37,0%) e iniciou antibiótico para pneumonia broncoaspirativa e então, foi direcionado para a clínica médica. Um dia após, a equipe de cuidados paliativos foi acionada, sendo considerado o paciente elegível para cuidados paliativos exclusivos. Vale destacar que, no dia anterior ainda no PS, a mãe do paciente referiu que não aceita medidas invasivas de intubação orotraqueal e ressucitação cardiopulmonar. Em 15/06, o paciente ficou em NPVO (nada por via oral) no PS e em 16/06 após internar na clínica médica, foi iniciada a dieta enteral a 25ml/hora. Em 17/06, realizou-se a progressão da dieta a 34ml/hora e em 18/06 a 41ml/hora. Contudo, os episódios de êmese progrediam substancialmente para maior volume e foi necessário reduzir progressivamente o volume da dieta para 15ml/hora, permanecendo neste volume durante três dias com o cessamento da êmese, apesar das necessidades nutricionais não serem atingidas: 33,00% do aporte calórico (necessidade  910,00 calorias e administração  300 calorias) e 44,23% do aporte proteico (necessidade  31,20 gramas e administração  13,80 gramas). No terceiro dia de dieta a 15ml/hora, às 00h35min o paciente apresentou ausência de sinais vitais, constatando-se óbito.

Discussão

O retardamento do esvaziamento gástrico foi um facilitador para os episódios de êmese.

Conclusão

Os desafios no manejo nutricional incluiu a impossibilidade de atingir a necessidade calórica e proteica, decorrentes do baixo volume administrado por conta dos episódios de êmese.

Palavras Chave

NUTRIÇÃO ENTERAL, RESTRIÇÃO CALÓRICA, ÊMESE.

Área

Nutrição em doenças crônicas

Instituições

Hospital e Maternidade Oase - Santa Catarina - Brasil

Autores

SUSANE FANTON, TALITA POLLI RAMOS, VANESA STOLF, JOZIANE NAIARA THUROW, EVANIR ABREU